"Acentuo o que já indiquei: não há superioridade, propriamente, de uns poetas sobre os outros. Há magníficos poetas menores - dos mais altos dentre os modernos - e péssimos poetas maiores. Nenhum leitor de bom senso daria toda a obra de Baptista Cepellos, maior, pela Estrela da manhã do sr. Manuel Bandeira, menor. O que não há dúvida é que a supremacia do poema curto, centralizado em torno de uma simples emoção ou consistindo num jogo poético de habilidade, significa uma diminuição de tônus da poesia, um divórcio do poeta com o mundo, a sociedade, para confiná-lo a uma certa passividade ou a um certo enrolamento sobre ele próprio. A poesia, numa palavra, renuncia ao seu papel de ligação e de esclarecimento para se limitar ao excepcional, ao puro, para se bastar a si mesma."

CANDIDO, Antonio. (2002). Textos de intervenção. Editora 34.