"(...) Mas a ideologia do "fardo do homem branco" levou muitas narrativas a criar personagens repulsivos referentes a qualquer etnia não-européia, do árabe desleal aos thugs indianos estranguladores, para não falar dos incontáveis chineses de rosto sinistro, mestres de todo tipo de crueldade. E isso aconteceu também nos quadrinhos: basta lembrar de Ming, de Alex Raymond, na saga Flash Gordon, cuja perfídia se mostra evidente em seus traços asiáticos, ou nos inimigos de James Bond, nos romances de Ian Fleming, que, muito mais do que nos filmes, são quase sempre mestiços ou agentes comunistas, e são verdadeiros monstros que parecem construídos no laboratório de algum mad scientist "


ECO, Umberto. História da feiúra. Rio de Janeiro: Record, 2007, p. 197.